TUDO BRILHA

Tudo brilha, resplandece, reluz
Um dia ensolarado
Uma estrada triste que nos conduz
A um lugar passado,
Num tempo parado.
Sigo a estrada
Tudo é ruim, amargo, me desagrada
Sim o dia é bonito,
Não há nuvens no céu
Um dia frio de inverno, mas bonito
No lugar em que habito
Não sinto essa beleza, apenas a vejo
Impassível,
Insensível.
a tudo que me cerca.
No rosto um véu
No coração uma pedra.
Caminho nem sei porque
Sem vontade
Sem verde
Sem tarde
A estrada divide-se.
Uma encruzilhada
mais uma
Inferno e Céu
Não há placas.
Novamente pela estrada errada.
Sigo um cortejo, um séqüito
Paro, espero passar
Faço as devidas reverências
Como é triste morrer num dia bonito
Se pelo menos os céus chorassem,
Mas nem isto.
Meu caminho dividido
Como será a outra estrada?
Não adianta ficar ressentido
Neste caminho, caminha-se uma vez.
Vou em frente, com a postura arcada
Sem medo
Sem nada
Vou me danar!
A vida segue, e eu sigo ela
Rindo, chorando
Sigo a estrada.
O céu limpo
O coração me gela
Vou sem querer
Sem querer saber aonde
Querer saber aonde chegar
Com força dou mais um passo
E de repente me acho
Dando voltas no mesmo lugar.
Errei novamente a estrada.
O cortejo se encerrou
O morto se enterrou
Ninguém mais sobrou
Apenas o sol lindão no céu
Há tanto motivo pra tristeza?
O mundo se acabou?
Acabou a vida do planeta?
Pare com esta incerteza
Siga a estrada!
Siga esta!
Siga a errada!
Não pare por nada, por ninharias
O pó em seu caminho
O vento em redemoinho
Vá em frente
Levante a cabeça para o céu azul marinho
Vá em frente - porque eu não vou.
Pra mim acabou
Nada restou
O vento levou
É tão triste um dia de sol
Toda essa beleza pra ser feliz
Eu triste na janela
Olhando a estrada...
Que passa
Que passa
Que passa
Sono na cabeça, sonhos
no olhar, vidros quebrados
não vou mais voltar.
Sigo meu caminho, sigo apenas
por andar, sonhos partidos
não quero mais voltar.
Vá embora. Deixe-me viver.
Vá embora. Pra nunca mais te ver.

POEMETO



..................................raça humana..................................
..................................roça de cana..................................

homem....................................................................cana
homem....................................................................cana
homem....................................................................cana
homem....................................................................cana

..................................roça humana..................................
..................................raça de cana..................................

CEM ANOS DE SOLIDÃO

Ah! Os Buêndias! Um nome com mais de um século de história, mais histórias que o livro pode contar. Aureliano, Úrsula, José Arcádio, Amaranta, mais dezenas de descendentes. Todos eles tão contentes e tão sofredores.Ah, Gabriel, porque tamanha solidão?

EU NÃO ACREDITO

Eu não acredito mais nas pessoas
Outro dia
Numa casa vazia
Estávamos ela e eu
Fria
No olhar e no coração
Era seu irmão.
O tempo
Nem sei o que aconteceu
O tempo
Tornou frios seus sentimentos
O tempo
Não nos aqueceu.

VIDA

É engraçada a vontade
De chorar que tenho.
Nem sei porque quero chorar
Verdadeiramente nem vou chorar
Já superei esta fase
Meu coração tem hanseníase
O sentimento fica apenas no quase
Não chorei nem sorri.
Falam-me o que querem
.se querem.
Empurram-me de um lado para o outro
.depois outro.
Só me faltam cuspir e pisar
E se fizerem nem vou ligar
Lembro sempre do poeminho
."Eles passarãoEu passarinho".

OS POETAS

Os três maiores poetas do mundo
Não sou eu, não és tu, nem é Juliana.
Nem os conheci, nem os vi, mas digo que são:
Bandeira, Drummond e Quintana.
[Desculpem-me os outros maiores]
Mas o mundo é maior que meu verso

INÚTIL

Gente feia, gente pobre, gente burra
Raras vezes vejo essas gentes
Importo-me pouco com suas vidas
Lá por onde passam, eu não vou
Hoje, infelizmente, encontrei um
Olhei nos seus olhos e vi minha gente
Eles, porque não cresceram nem quiseram
Suspiram de dor por sua ignorância!

PENSAMENTOS

Caspas - ? - além de tantos pensamentos, insanidades, sonhos; mais isso ainda!

DIVINDADE

Como fazer poemas sem falar de Deus.
Como falar de Deus sem evangelizar.
Como evangelizar sem conhecer.
Primeiro li, depois estudei, então aprendi e tive conhecimento.
Agora sei que todo o poema, se não for um louvor a Deus é: pobre, mesquinho, egocêntrico, forreta, ordinário, vulgar e trivial.
Igual aos meus.

Menos este, que espero me penitencie de todos os meus pecados.

TEM NOITES

Tem noites como esta, que é mais fácil estar morto. Que inveja dos que estão parados, imóveis, sem se preocupar com o amanhã, sem nada para fazer hoje, sem se arrepender do ontem. Ah! Como é bom estar vivo! Mesmo numa noite como esta que não se quer estar, por causa da rotina, por causa do ontem, por causa, e talvez principal motivo, do amanhã.

BIOGRAFIA DO ESPELHO

Pobre coitado
Desde de que nasceu
Já foi taxado
Em tudo que viveu
Um fracassado
Até o dia que morreu.

Não que não houvesse tentado
Fez o que pode
Mas como que por conspiração
Um fracassado
Mesmo com boa intenção.

Já pequeno era culpado
De pequenos delitos
Por sair sem avisar, sem chegar
Um fracassado
Apanhado pela orelha, aos gritos.

Na escola era um atrapalhado
Sempre quieto
Um dia quis dizer um nome feio
Um fracassado
Nem xingar fazia direito, a mãe dizia.

Amou também, mas tudo errado
Cinco anos
Ela nunca soube o que sentia
Um fracassado
Sofreu calado por covardia.

Mas nem tudo havia acabado
Superou-se rápido
Foi tentar conseguir seu sustento
Um fracassado
Muito trabalho, os valores sem aumento.

Saiu de casa apressado
Em outro lugar
Tentar a sorte e ganhar dinheiro
Um fracassado
Suportar pessoas, desistir sem nem tentar.

Parece piada, mas não é engraçado
Agora em casa
Suportar olhares, dito preguiçoso
Um fracassado
Sem ganhos já por mais um ano novo.

Por fim já amargurado
Levanta e cai
Dois amigos viu seguirem a vida
Um fracassado
Não casou nem nunca mais vai.

O pior ainda não foi contado
De tudo que ficou
Sempre havia algo que podia piorar
Um fracassado
De uma em um milhão, o azar ele tirou.

Mesmo num passeio já combinado
Grande dom
De descombinar e destruir os planos
Um fracassado
Erra sempre, para acertar leva anos.

Nem tudo é tão complicado
Muitas vezes
Esforçava-se para fazer o certo
Um fracassado
De Deus mais longe, do Diabo mais perto.

UMA GRANDE NOITE

É noite, abro os olhos
E o que vejo é a escuridão
Tento parar de pensar
Tento parar de tremer.

Brilham vermelhas as horas
Vai demorar a amanhecer
Não consigo parar de pensar
Não consigo parar de tremer.

Vejo muitas imagens a me importunar (em meu cérebro)

Frases confusas e tortas
Não sei nem o que estou pensando
Mas sinto agonia e medo
Uma amargura no peito
Uma grande vontade de chorar.

Fecho os olhos
Passo as mãos em volta da cabeça
Passo os dedos atrás da orelha
Procuro um botão, apenas um botão...

Liga - Desliga
Liga - Desliga

On - Off.

O AMARELO DA PRAIA

Mar, maré, maremoto
Mar, maré, maresia
Água, aguaceiro, aguaria
Terra, terreno, terremoto
Vento, vendaval, ventania
Sol,

Oh, grande mar
Com suas águas
Banhando a terra
Embaladas pelo vento
E queima o sol...

Livre para amar
Livre das mágoas
Longe da guerra
Sem nenhum lamento

E queima o sol...
O mar, a terra, o vento.

Persisti aqui a vida, já morta.

MAIS UM DIA

Neste dia de alegria e talvez de paz
Longe de casa, sinto falta de minha família
Da brincadeira dos pequenos e suas gritarias
De um tempo em que eu, jovem rapaz
Experimentava a vida com sabor baunilha.
Sorria e chorava em meio à depressão e correrias
Hoje, embora longe, a calma me apraz.

Tenho sim vontade de ir embora, ver minha casa
Ver minha mãe, meu pai e todos que moram lá
Amigos antigos e recém feitos que lá deixei.
Estar em seu meio amoroso feito fogo em brasa
Jogar conversa fora, anoitecer sem hora pra acordar...

CAMINHO

Dentro de casa, dentro do jardim
Dentro da mente, dentro de mim.
No fundo do mar, no fundo do poço
No fundo desta alma, no fundo deste moço.
Trancado na jaula, trancado na mão
Trancado na sua vida, trancado no seu coração.
Disposto a roer o último osso
Cantar a última canção
Ir em frente até o fim.
Para que lembres de mim
Para que ames este moço
Para que tenhas meu coração.

Jasmim, rosa e açafrão.

UM DIA QUALQUER...

Acabou, não sei o que foi, nem quando começou,
Só quero descobrir porque acabou...

Vejo o pouco que restou, de tudo que não ficou
A terra deserta, os esqueletos pelo chão queimado,
Um louco que sobrou, apenas um que não tombou,
Nesta paisagem que aos olhos tem um leve agrado.
Do que vejo, do que sinto, nada mais importa
Mesmo que pudesse ser como era antes do fim
Que houvesse uma ressurreição de todos os sentidos
Da vida e do amor que bateu em minha porta,
Não, eu não guardei nada do que foi pra mim,
Satisfeito com os solos e céus derretidos.
Se a luz apaga-se neste momento, o que é que tem?
Se a vida se esvai agora, por que me preocuparia?
Nunca antes pensei que o dia de amanhã sempre vem,
Que depois de uma década outra sem falta chegaria.
Um pedaço podre de carne no chão, ruído por ratos
Aves negras procuram os corpos dos homens mortos
Em pé diante do desastre me delicio com o zunzum das moscas
Sinto o sangue que escorre das marcas dos maus tratos
Toda a dor que nasce e cresce destes caminhos tortos
E levam embora minhas memórias, minhas vontades toscas.
Nem vida, nem morte, nem azar, nem mais nada
Amarelo, vermelho e cores negras de puro medo
Procuro nas sombras uma terra transformada
Cheio de ódio, raiva e o que puder sentir
Repito, estou satisfeito com o fim, como terminou
Amanhã nascerá o sol, um novo dia para sorrir
E pensar no que houve, no que foi, porque acabou.

AMOR ETERNO

Não se pode falar em infinito: infinita vida, infinito amor...
Como marcar um tempo que não conhecemos?
Só se ama enquanto vivo e eterno ainda não podemos.

ROTINA

Com a correria, isto passa
...Isso passou, aquilo passará.
Com a correria, isto era,

...Já foi, nunca será.

BELAS LENDAS

Não brinco com carnes entre corpos, peles de porcos.
Não fujo de vermes e lombrigas, violentas e ferozes brigas.
Não me escondo atrás de paredes e muros, vivo só no escuro.

Não procuro escapar por entre fendas, liberdade e vida, belas lendas.

TEMPO

Hoje lembro com saudade de um tempo
Onde há flores e pessoas nas ruas,
Juntas, em felicidade e lamento
Entrelaçadas eternamente como almas nuas.

Ontem foi dia de sol e alegria
No céu estrelas, e estrelas no mar
Tinha tudo e muito mais que queria
Estava feliz em te ver e te amar
Minha alma veio, ainda que tardia.

Amanhã? Não haverá amanhã.

FIM DO INFERNO

"Eu, de tudo aqui sou vigilante
Vivo na terra a esperar a morte
Como da morte, a vida esperava Dante"

CICLO

Nasço, cresço e envelheço quando te vejo.
Deixe-me reproduzir e morrer...

BUSCA

se fosse a vida um lugar, como esse lugar seria? como a mistura de todas as cores na aquarela de um grande pintor? como uma poética página da saga dramática de um grande escritor? como os olhos da melhor estátua de um grande escultor? como o sonho de revolução de um grande reformador? como os seios da ninfa para seu grande admirador? como as penas da águia para o índio caçador? como as carnes de um gnu para o leão predador? como as telhas suspensas num vento devastador? como um ás no pôquer para um grande jogador? como as portas da casa nos olhos de um grande arrombador? como o centro dos jardins suspensos para seu criador? como notícias de vida para um triste espectador? como uma melodia afinada no piano de um grande compositor? como uma escritura milenar nas paredes à frente de um grande descobridor? como a terra santa para seu maior adorador? como a estaca para nosso redentor? como o sabor do queijo para seu fã roedor? como o canto da sereia para um velho pescador? como o segredo da selva para um bandeirante desbravador? como o sexo da mulher para seu desejoso copulador?
nem nunca, por maior que fosse, como quer que fosse, não seria melhor, maior, nem superior ao que sinto, que já senti ou sentirei por você.

SONHO

Sinto no ar um leve sabor, um gosto de não sei quê, até pode ser seu
Ou mesmo que não, que seja tolice minha ou um delírio casual
Não deixo de pensar em seu jeito dengoso ingênuo e até sensual
Hoje que me lembro do primeiro beijo que você me deu
O que sinto é seus lábios a tocar no meu, leve, doce, com desejo...

Música

não minta que sente fingindo descente dizendo que não me viu quem nunca mentiu não desista da guerra que a luta encerra no peito que feriu q...