CRIANÇA

Corre criança
Morre de esperança
Sua pequena lembrança
Faz crescer uma nação

Seu grande coração
Cheio de compaixão
Espera transformação
Num mundo de dor

Menino de amor
Chora parado
Num mundo virado
De ódio e pavor

Pobre criança
Sem esperança
De ver na lembrança
O que foi sua nação

Cresceu sem razão
Viveu em perturbação
Morrerá em solidão
Num canto escuro de um quarto vazio.

TÉDIO (COM UM T BEM GRANDE PRA VOCÊ)

E o tempo não passa
Minha antiga rixa aumenta
Nessas medidas que o homem inventa
Seguem lentas, rindo da minha desgraça

Contemplo o tempo e pasmo
Cega e surda, a rotina lá fora
Num minuto que se demora
Como velhas senhoras, numa tarde de marasmo

Eu, só, surdo-mudo e sem graça
Num tédio e ódio que me violenta
Alternando entre caçador e caça

Sucessão de dias, tempo que se lamenta
Nasço, cresço, envelheço e morro
Neste teu infinito de uma hora.

DÚBIOS

Mais que humana raça
Que já sem graça
Não ama mais

Apaixona-se pelo sorriso
Que lhe tira o juízo
Felizes e mortais

Apaixona-se pelas mãos
Em pura confusão
Que lhe satisfaz

Sentimento gostoso
De beijo viscoso
De quero mais

Olha os olhos de amor da amada
Sente seu perfume

Prostrado a seus pés em pura devoção
Dos meus olhos és lume
Do meu caminho és chegada
Da insana vida és razão

Minha mente vazia
Noite e dia
Lembra você

Meu coração
Na solidão
Sempre lhe vê

Faço parte da humana raça
Que já não acha mais graça
Em amar seus iguais

Apaixonei-me por tudo e por teu sorriso
Não há nada mais de que preciso
Nem amar mais

Foste a minha primeira
Desta humana besteira
“amor pela vida inteira”
eu, você, e nunca mais.

BISCOITO SORTIDO

A vida é um pacote de biscoito sortido
Com bolachas e rosquinhas açucaradas
De diversos gostos e formas misturadas
De amores e emoções sem sentido

Cada um tem o seu que é mais amado
Guardam o melhor pra depois
Quando se ama um vão embora dois
Espera-se o doce, mas come-se o salgado

Entre tantas emoções diferentes
Biscoitos com tantos sortidos enredos
Antes de deitar escovemos os dentes

Entre tantos amores e medos
Gostamos mais dos biscoitos que das gentes
Devoramos a vida e lambemos os dedos.

Música

não minta que sente fingindo descente dizendo que não me viu quem nunca mentiu não desista da guerra que a luta encerra no peito que feriu q...