RARAS

As pedras preciosas sabem que não devem existir.
Mas elas insistem, incidem,
E reincidem.
Quebram paredes e destroçam ossos...
E eu odeio essa perfeição
Com que brilham, vem e vão.
Ofuscam toda minha vida,
Desmentem, desmontam, desdenham de minhas opiniões.
Verdes, vermelhas, douradas...
Azuis, violetas, acinzentadas.
Enojam-se dos normais
Dos planos e das vidas tiradas...
As coisas simples não compreendem,
Complexas e soberanas
Destilam gotas de pureza, de tristeza.
E a humanidade em constante delírio,
Num redemoinho de prazer e dor,
Prostram-se feliz a admirar.
Admirar essas inconseqüentes pedras que não deviam existir!
Mas é tudo uma ilusão...

DESDE ONTEM

No principio da minha monotonia estava a flor numa jarra
Desde ontem a jarra está vazia...
Pensando sem nada sentir na vida que me dei por engano
Desde ontem não há motivos para sorrir...

Meu conforto é um quadro triste em azul oceano
Desde ontem ele existe
Com um pequeno barco solitário, sem velas e sem amarras
Desde ontem parece naufragar...

Perto de mim vejo um sorriso, um meigo meio sorriso
Desde ontem que te preciso
Embora não me contem, que a verdade eu não saiba
Sinto o fim da vida desde ontem...

AS COISAS QUE GOSTO

Nem mesmo eu saberia dizer até que ponto tem importância as coisas de que gosto. São tantas. Tantas pessoas, tantos livros, músicas, quadros, fotos, filmes, animais, coisas vivas e mortas. Não cabem em mim, e tão maiores são, que eu em real comparação desapareço “dissolvido” no ar. Eu, que não sei amar, que não aprendi a viver, tenho mais que mereço e não esqueço você. Nem mais, nem menos, o que fica? Não o que ganhamos, e sim o que perdemos!

SOB CONTROLE

O controle da vida que eu queria ter era escrever sem espaço, sem ponto, sem vírgula, como se escreve, com se sente, como se pensa, como se fala, sem tempo, sem acento, sem nada, como me vem à mente, como surge o verso, infinito, controverso. sem regra, sem gramática, sem alfabeto, simples e completo, com os verbos do coração, sem medo, sem trema, tema ou enredo, sem razão. preocupado apenas em viver sem aprender a ler para não mais escrever.

Música

não minta que sente fingindo descente dizendo que não me viu quem nunca mentiu não desista da guerra que a luta encerra no peito que feriu q...