CÁLCULOS

Você aí sentado sem viver
Perdendo seu tempo
Acreditando na cultura
Lendo meus lamentos
Sem ao menos me conhecer

Compartilhando intimidades
D'um desconhecido
Achando tudo estranho
E ao mesmo tempo parecido
Com o que acabaste de viver.
E o universo com todo seu tamanho
São iguais nossas ansiedades.

Talvez saibas quem sou
Viu-me passar na rua apressado
Eu não te vi,
Seja ou não meu amigo
Mesmo que não queira saber, cá estou!
Sim, eu, "Um Fracassado"
Escrevendo, ignorando os seus perigos.

Se fosse este um prelúdio da obra
Diria-te dados biográficos
Então verias que não sou melhor que você
Falta-te apenas um papel para escrever,
Dois ou três gramáticos,
Vida e verso, todos tem que sobra.

Não sou um antigo clacissista
Nem tenho meio século de vida
Quero isto sim e muito mais
Um poeta não serei jamais
Talvez chegue a romancista
Fazendo livros de minhas feridas.

Mas sou um Escritor
Afinal, estás lendo o quê?
Tudo que escrevi noutro tempo
Um pouco de prazer e arrependimento
Partes de mim e de você
Ódio, vida, morte e amor.

Escrevo porque sinto
Ninguém escreve por mim
De tudo que vais ler
Não tente entender,
Talvez nem chegues ao fim
Se ainda estiver aí, quero já agradecer,
Obrigado por tentar!
Absorva o que te é bom
Tente se auto-realizar.

Para me descrever como pessoa
Vai me faltar modéstia na mão
Você que está a ler não ria
Um arrogante fazendo poesia
Falando de amor e solidão
Ou faz graça, ou está à toa.

Em meus cálculos
Vinte páginas são boas
Vinte outras são melhores
Vinte não se decifra
Vinte páginas faltaram.

Sendo leitor de poemas
Encontrarás de outros citações
Não se trata de imitação ou plagiato
Antes que fales, me retrato
Homenagens as grandes composições
Aos artistas e seus fonemas.

Se me achas pobre
Agradeço a franqueza,
Mas sei que não sou
Embora não busque riqueza
Escrevo para que lhe sobre
O amor que se me negou.

Igual a você sei que:
"O mundo é dos que sonham".
Mesmo caindo, levantam
E não se incomodam de viver.

Como todo o louco, li o dicionário
Plantei uma árvore, escrevi um livro
Cavei minha cova e o resto já esqueci.
Agora vivo ao contrário
Da selva de pedra um nativo
Em busca do lugar onde nasci.
Somando os dias que vivi,

Subtraindo os dias em que estive vivo.

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