Corpo de mãos com dedos
Pés com dedos
Dividido em cabeça, tronco e membros
De carne e sangue e ossos
Com boca, e língua, e dentes
Ora tão frio, ora tão quente
Entre medos acaba em destroços
Máquina perfeita em ritmo ascendente
De adaptações múltiplas e incoerentes
Intelecto avançado
Bípede desequilibrado
Não quer saber de onde veio, ou para onde vai
Põe-se a agir como louco
Por fama e fortuna, abandona mãe, mata pai
Maldito corpo
Ora vivo, ora morto
Doenças mil lhe consomem
Torturas do bicho homem
Ignóbil, ignorante
Em tamanho fracasso, acha-se triunfante.
MAIO
Anoitece lá fora
São sete e vinte
A dor sobre mim se demora
Prevendo a vida do dia seguinte
Na hierarquia de meus sentimentos
O desprezo insano domina
Entre tantos desdobramentos
Cai por chão a auto-estima
Pretensioso e soberbo
De orgulho maior que a visão
Acha-se glorioso
Vive só, triste em ilusão.
São sete e vinte
A dor sobre mim se demora
Prevendo a vida do dia seguinte
Na hierarquia de meus sentimentos
O desprezo insano domina
Entre tantos desdobramentos
Cai por chão a auto-estima
Pretensioso e soberbo
De orgulho maior que a visão
Acha-se glorioso
Vive só, triste em ilusão.
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